Leitos de UTI
governo de São Paulo/reprodução
Leitos de UTI

RIO — O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira uma nota técnica detalhando a distribuição de insumos médicos essenciais para pacientes graves da Covid-19 e do efetivo de profissionais de saúde pelos municípios do Brasil.

O levantamento cruza estatísticas do DataSUS, de dezembro de 2019, com a pesquisa Regiões de Influência das Cidades (Regic) 2018 e o MonitoraCovid-19, da Fiocruz. No momento em que o coronavírus avança para as periferias brasileiras, o número de leitos do Sistema Único de Saúde ( SUS ) nas cinco capitais mais afetadas chama atenção.

São Paulo, Rio e Fortaleza, que lideram o ranking de casos e óbitos por Covid-19 de acordo com dados do Ministério da Saúde , não passaram da marca de 10 leitos a cada 100 mil habitantes. A capital paulista, que tem uma população de 12,2 milhões, tem 3.504 ao todo, dos quais 1.226 no SUS. No Rio, são 515 leitos públicos em um universo de 2.517 unidades.

No sistema público, as estatísticas mais confortáveis são as de Recife – 992 leitos, dos quais 460 do SUS. A cidade, no entanto, já registra 3.069 casos e 337 óbitos. Os dados de leitos não levam em conta os hospitais de campanha erguidos desde o início da pandemia, mas trazem um amplo panorama sobre o sistema de saúde. Manaus, que enfrenta um colapso nos sistemas médico e funerário, tem apenas 291 leitos de UTI, incluindo os privados. É o equivalente a 11 a cada 100 mil habitantes.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que haja de 10 a 30 leitos de UTI a cada 100 mil habitantes. O tempo de recuperação da Covid-19, que gira em torno de duas semanas, é um dos principais desafios da pandemia. Na prática, cada leito só pode ser ocupado por dois pacientes a cada mês, enquanto, em circunstâncias normais, a rotatividade é maior. Essa realidade aumenta o estresse sobre o sistema de saúde.

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No momento em que a Covid-19 começa a atingir também o interior do Brasil, o IBGE apontou cidades nos estados mais afetados sem qualquer leito de UTI. Só o Ceará tem quatro municípios com mais de 200 mil habitantes nesta situação: é o caso de Canindé, Itapipoca, Limoeiro do Norte e Russas.

Se analisados os números estaduais, incluindo SUS e o setor privado, o Distrito Federal lidera o ranking nacional com 30 leitos por 100 mil habitantes, mas é apenas o 14º mais afetado do país de acordo com números do Ministério da Saúde. O Rio de Janeiro, que já está com o sistema saturado, aparece em segundo, com 25 leitos a cada 100 mil habitantes.

São Paulo, Pernambuco e Ceará têm, respectivamente, 19, 16, e 9 leitos a cada 100 mil habitantes. O Amazonas, que vive uma situação dramática, tem apenas 7. Roraima, na região Norte, é o estado menos assistido da nação, com 4 leitos de UTI a cada 100 mil habitantes.

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